sábado, 10 de dezembro de 2011

REVOLUÇÃO CIVIL ANUNCIADA

Por Ednaldo Rodrigues

Os paraenses do interior do Estado ficaram mais distantes de Belém depois que o Governador Simão Jatene se posicionou ao lado dos políticos defensores do NÃO, declarando desprezo a população do interior do Pará. O SIM Está planejando fazer uma revolução civil se o NÃO vencer. O Pará já passou por isso e a experiência foi desastrosa. Milhares de inocentes foram cruelmente assassinados por determinação do Governo do Pará, entre 1835 e 1837, por ocasião da Revolução da Cabanagem.

Sobre o plebiscito, os eleitores de Belém precisam entender que a história do Tapajós é diferente. O Tapajós tem legitimidade, tem identidade, tem raiz e, sobretudo, tem a credibilidade da população que luta pela sua emancipação administrativa há 161 anos.

Neste domingo os paraenses, principalmente, da capital Belém tem uma grande oportunidade de provar aos paraenses do interior que realmente os consideram, os respeitam e são irmãos de verdade e não uma repetição vazia da palavra.

O primeiro voto é do Tapajós. O eleitor pode votar 77 SIM e 55 NÃO se assim decidir. O projeto do Estado do Tapajós já tem mais de 150 anos de história e os paraenses não podem negá-lo, pois, seria o mesmo que negar a própria história do Pará, marcada por divergências desde a adesão do Estado à independência do Brasil.

Votar em favor do Estado do Tapajós é devolver ao povo nativo da região, aos descendentes do Tapajós sua autonomia, usurpada pelos invasores europeus de forma autoritária, truculenta e desumana. Optar pelo primeiro voto, no Tapajós 77 SIM, é votar na legitimidade de um povo que sempre lutou pela sua autonomia, mas todas as vezes que isso ocorreu foi esmagado pelo Governador do Pará, seja nessa ou naquela ocasião.

Votar no Tapajós é partilhar com os irmãos do oeste do Pará o direito a saúde, educação, transporte, infraestrutura, segurança pública. Votar no Tapajós é realizar o sonho de várias gerações que lutaram por esse ideal e sempre foram desconsiderados, desrespeitados e esmagados pelo poder.

Se o eleitor da capital disser SIM ao Tapajós estará evitando uma revolução civil no Estado do Pará. Uma revolução bem maior do que a que ocorreu em 1835, quando o governo do Pará, com as armas da truculência, da arrogância e da prepotência mandou assassinar milhares de paraenses nativos e inocentes.

Portanto, votando SIM ao Tapajós os paraenses de Belém podem evitar uma nova revolução civil e, conseqüentemente, um massacre ao povo humilde. O povo do Tapajós precisa desse Estado para recuperar a sua dignidade, a sua honra e o respeito diante de sua história. Reconquistar o território que sempre foi seu direito e por natureza.

Não podemos mais esperar nada das mesmas autoridades que chamaram os paraenses do interior de esquartejadores, de ladrões, de assassinos. Essas mesmas pessoas recebem o apoio total do Governador do Estado. Isso demonstra que ele optou por aqueles que denegriram a nossa imagem, honra e dignidade.

O eleitor de Belém precisa entender que o NÃO aprofundou um fosso social ainda maior que havia entre o interior e a capital. As lideranças políticas da capital se fossem responsáveis deveriam trabalhar para esclarecer aos cidadãos do Pará, que o Tapajós é um projeto importante para todos e não declarar guerra ao nosso povo.

Se o SIM vencer, podem evitar uma tragédia anunciada e o povo da capital demonstrará que realmente se importa com os irmãos que vive em condições subumanas e oprimidas no interior do Estado do Pará. Mas se infelizmente isso não acontecer haverá uma revolução civil e a história do Pará, novamente, será manchada de sangue inocente.

O povo do interior jamais vai se render ao julgo de meia dúzia de políticos e de empresários da capital, que empunharam a bandeira do NÃO apenas para se promover. Não se trata de uma ameaça é um alerta aos eleitores da capital. Se a revolução acontecer, os líderes políticos: Simão Jatene, Zenaldo, Sabino e outros vão estar longe das ruas e o sangue deles é o ultimo que vai jorrar pelas ruas do Pará. Antes de votar, eleitor paraense, pense nisso. Com o seu voto no SIM poderá evitar um desastre ainda maior.

Em Santarém, haverá uma grande fogueira em frente à cidade. Se o SIM vencer o fogo vai simbolizar a luz da vitória. Se o NÃO vencer a fogueira servirá para queimar o orgulho dos paraenses, pois independente, do resultado o povo do Tapajós não vai mais fazer reverências aos símbolos do Estado do Pará.

O autor é jornalista
E-mail: Ednaldorodrigues@hotmail.com

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