quinta-feira, 27 de outubro de 2011

TEMPERATURA EM SANTARÉM: A PERCEPÇAO CIENTÍFICA SOBRE O SENSO COMUM

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por Ednaldo Rodrigues (*)

Desmatamento, crescimento populacional, aumento da frota de veículos automotores e a urbanização da cidade estão entre outros fatores causadores da elevação da temperatura ambiente em Santarém, afirmou o cientista em Física da Atmosfera Rodrigo da Silva (foto). Segundo ele, difícil é determinar o peso para cada um dos fatores e identificar qual foi o mais determinante para a alteração do clima na cidade.


Rodrigo da Silva comenta o ponto de vista de pessoas que moram em Santarém, sobre a elevação da temperatura, em bairros da cidade, nos últimos 20, 30 e 40 anos.
O aposentado Francisco de Paulo Vasconcelos dos Santos, 66, mora em Santarém, no centro da cidade, há 47 anos. Durante 38 anos, trabalhou como taxista. Segundo ele, a temperatura na cidade aumentou consideravelmente. Na época em que trabalhou na praça, não havia o ar condicionado, mesmo assim a temperatura ambiente não apresentava tanta diferença quando ele saia do carro. Na opinião do taxista, a temperatura atual é superior em relação há 40 anos.

O servidor público Manoel Gilberto Vieira dos Santos, 53, natural do Lago Grande, chegou a Santarém em 1975. Há 36 anos, mora no bairro da Esperança, que fica mais afastado do centro. Quando chegou o bairro era todo coberto de vegetação e o clima era melhor em relação aos dias atuais, mesmo que na época não houvesse qualquer sistema de medição de temperatura.

Relógio climático

Gilberto Vieira lembra que a temperatura no interior, na comunidade de origem, mesmo nos anos de 1970 era mais amena do que na cidade. No Lago Grande o clima era mais agradável enquanto que na cidade era mais incômodo, principalmente durante o dia. Embora, na época a urbanização ainda estivesse iniciando.

Outro entrevistado, Gilberto Soares Diniz, 51, mora em Santarém há 49 anos e durante 15 anos trabalha como taxista. Ele também diz que a temperatura na cidade se elevou bastante nos últimos 20 anos. Uma das mudanças mais evidentes foi o relógio climático que alterou a estação local. Antes, o inverno e o verão eram muito bem definidos. Hoje, já não se sabe quando vai iniciar o período de chuva. Há 20 anos se sabia que em novembro haveria chuva, agora, no entanto, o inverno rigoroso só inicia em dezembro ou janeiro.

Nem sempre o progresso econômico significa progresso social, afirma Gilberto Diniz. Para o setor da economia, os projetos de urbanização da cidade, no campo e em outros setores da sociedade são favoráveis. Mas não tem o mesmo significado para a sociedade, uma vez que afeta a saúde das pessoas e o meio ambiente.

O vereador Reginaldo Rocha Campos (PSB) também acredita que houve aumento considerável na temperatura ambiente da cidade. Mora em Santarém, no Aeroporto Velho, um bairro não planejado, há mais de 20 anos. Em decorrência do perceptível aumento da temperatura, defende a tramitação, na Câmara Municipal, de um projeto de Lei que prevê a arborização total da cidade.

Radiação solar

O cientista Rodrigo da Silva, por sua vez, disse que para definir o clima de uma região faz-se necessário estudá-la em um longo período. Geralmente essa temperatura é tomada em local específico de uma região. Analisa-se a umidade relativa, o índice de precipitação, os estudos pluviométricos, velocidade e direção do vento, os índices de radiação solar ao longo do dia, a transformação de água líquida na superfície em vapor que vai para a atmosfera.

Somente entre 20 e 30 anos de estudo é possível levantar dados estatísticos, trabalho de média, definição de meses mais quentes, ventilados e chuvosos. Tudo isso é necessário para definir as condições climáticas de determinada região. Enquanto a temperatura ambiente é medida na atmosfera em determinado momento. Para o senso comum não interessa a temperatura ambiente e sim a temperatura média.

O pesquisador esclareceu que na região se tem o clima urbano na cidade e o clima rural no interior. Segundo ele, o clima sofre modificações das variáveis (temperatura, vento, radiação), que respondem a superfície que está a baixo. A superfície urbana cheia de concreto, asfalto, com toda uma poluição indo para atmosfera vai gerar um clima que representa todas as condições de reação e, consequentemente, a modificação da temperatura.

O clima do planalto, em áreas menos urbanizadas, com mais vegetação, densamente cercado por florestas o clima é mais agradável. Nesse mesmo local em áreas agrícolas e de campos limpos, onde há incidência de desmatamentos o clima é mais rigoroso. As duas áreas, mesmo que estejam na zona rural e próximas uma da outra, ainda assim vai apresentar diferença na temperatura.

Zona urbana

Rodrigo da Silva diz que em regiões de rios também haverá diferença de percepção na temperatura. Hoje as pessoas que moram nessas áreas não conseguem perceber com mais clareza, pois as mudanças do clima nesses locais ocorrem muito lentamente.

O cientista diz que na zona urbana, um dos fatores que provoca maior elevação na temperatura é o aumento da frota de veículos automotores, criando uma ilha de calor sobre a cidade que impede que o ar quente seja liberado. Esse fenômeno impede o resfriamento do lugar. Na zona rural um dos maiores causadores da elevação da temperatura é o desmatamento.

Os quatro entrevistados dizem que a elevação da temperatura em Santarém se dá pelo aumento da população, construção de casas, desmatamento da área urbana, das matas ciliares dos mananciais dos rios e dos igarapés, bem como a pavimentação das ruas. Há três décadas as casas eram cobertas de palha e as paredes de pau-a-pique, mas com a chegada da modernidade as coisas mudaram e grande parte das construções é em alvenaria, cobertas com Brasilit. Depois disso a temperatura ambiente das residências se elevou e hoje é praticamente insuportável viver em Santarém sem o auxílio do ventilador ou do ar condicionado.

No entanto, nem tudo está perdido, diz Rodrigo da Silva. Se houver vontade política por parte dos gestores públicos, há possibilidade e meios para melhorar o clima em Santarém, com uma boa engenharia de trânsito, saneamento básico e outras medidas governamentais nas áreas da educação integral, bem como projetos capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram na cidade.

Rodrigo da Silva é cientista, doutor em física, com especialidade em física da atmosfera. Desde 2009 coordena o Projeto LBA, em Santarém; o grupo Bio Geofísica da Região Amazônica e Modelagem Ambiental (BRAMA), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Desenvolve pesquisa na área da Micro-metrologia, com estudos da física do clima na região Amazônica.

* Santareno, é jornalista. Faz especialização em Jornalismo Científico pela UFOPA

sábado, 22 de outubro de 2011

O NÃO LUTA POR NADA

Por Ednaldo Rodrigues

Os paraenses defensores do SIM 77 lutam pela criação de dois novos Estados, enquanto que os defensores do não lutam por nada.

O defensor do não contra o Estado do Tapajós, em entrevista, admitiu que há problemas sérios nas áreas da saúde, educação, segurança pública, infraestrutura e falta outros investimentos na região do Tapajós, mas disse que não aceita a reordenamento territorial do Pará. Isso representa o autoritarismo da gestão pública paraense e a anti-democracia típica dos colonizadores.

Além disso, o defensor do não, não apresentou nenhuma saída concreta, capaz de melhorar a qualidade de vida das pessoas que querem a emancipação a médio ou em longo prazo.

Nós do SIM 77 lutamos por empregos para a juventude de toda a região desse grande Pará. Lutamos por saúde, educação, segurança pública, infraestrutura e por novas oportunidades.

Os contra lutam para manter o atraso, o colonialismo, o abandono e o isolamento social de nossa gente. Isso é defender um grande Pará ou os seus interesses pessoais?

Quem ama o Pará continental deveria também amar o nosso povo. Lutar pelo não é o mesmo que perder a oportunidade de criar dois novos estados e de triplicar os recursos em favor de todos os paraenses.

Ser contra a reordenamento do Pará não é apenas um grande equívoco é um EQUÍVOCO ESTÚPIDO. O defensor do não contra o Estado do Tapajós é fraco. Não conhece a realidade do Estado do Pará e por isso, pode até ser um aliado do SIM TAPAJÓS 77.

Ele disse que os dados que utiliza para ser contra o reodenamento político do Pará são oficiais (UFPA, IDESP, IPEA) e tentou desqualificar os estudos feitos pelo economista Célio Costa, que apontam viabilidade de Tapajós e Carajás.

No entanto, os números que o Célio Costa sustenta em seus estudos são das mesmas fontes: IBGE, SEPOF e IDESP, IPEA órgãos oficiais dos governos Federam e Estadual e qualquer pessoa pode acessar nos sites oficiais e confirmar.

Nós paraenses, estamos diante de um momento único. O Brasil está nos dando a oportunidade de fortalecer política e economicamente a Amazônia com a criação de dois novos estados. Os políticos e os empresários do NÃO estão se lixando com os problemas sociais da população. Por isso, os paraenses do interior e da capital precisam ser mais espertos e votar SIM 77 e ajudar a triplicar os recursos para a região.

Com a criação de Tapajós e Carajás estamos apresentando um projeto de desenvolvimento, alternativas e oportunidades ao nosso povo. Manter o Pará do jeito que está é negar os direitos básicos da população de acesso a saúde, educação, infraestrutura, segurança pública, lazer e, sobretudo, ser contra é impedir o desenvolvimento do Norte do Brasil.

O autor é jornalista e professor universitário