Por Ednaldo Rodrigues (em 31/05/2011)
A segunda parte do artigo “A epopéia sobre plebiscito do Tapajós" é o resumo de uma viagem de 2004 até os dias atuais. Foi nesse período que houve avanços significativos na organização da entidade. As lideranças que estavam à frente do Movimento entenderam que era preciso renovar com a participação de novos integrantes e envolver os poderes Executivo e Legislativo do Oeste do Pará.
No segundo semestre de 2004, os principais representantes da Frente Popular pelo Estado do Tapajós, Odair Corrêa e Orlando Pereira procuraram apoio da Prefeitura Municipal de Santarém, de forma mais efetiva. Na época o prefeito Lira Maia determinou inicialmente para participar da organização social o então coordenador de Turismo Emanuel Júlio Leite e depois o seu assessor especial Eriberto Siqueira dos Santos.
Em seguida, o prefeito Lira Maia e o vice-prefeito Alexandre Von reuniram-se comigo, Ednaldo Rodrigues, que na época ocupava o cargo de Coordenador de Comunicação do Município. Prefeito e vice determinaram que eu representasse a Prefeitura Municipal de Santarém junto a Frente Popular a partir daquele momento. Eu já conhecia um pouco da história da emancipação do Oeste do Pará, como jornalista (Esqerda para a direita: Beth Lima, Eduardo Paiva, Emir Aguiar, Lira Maia, Reginaldo Campos, Ednaldo Rodrigues, Orlando Pereira, Odair Corrêa, Núbia Angelino.
Participei de uma reunião da Frente Popular representada naquela ocasião por quatro pessoas: Odair Corrêa, Orlando Pereira, Francisco Cunha e a professora Zilma Colares. Naquela reunião ficou decidido que o Frente precisava de maior articulação e mobilização social. Ao sair da Associação Comercial tive uma longa conversa com o vereador Reginaldo Campos (PTB) que participou da reunião como representante da Câmara Municipal. A partir dessa reunião, o vereador, jamais deixou de lutar pela emancipação do Oeste do Pará.
Percebi que havia necessidade de renovar o grupo e unir os demais movimentos que havia, mas sem atuação. Na época havia o Comitê pro criação do Estado do Tapajós (lideranças: ex-deputado federal Hilário Coimbra, advogado Tido Viana, médicos Emanuel Silva, Francimere Silva, historiador Hélcio Amaral; Fórum permanente pelo Estado do Tapajós (lideranças: Ademilson Pereira, Aldo Queiroz e João Elias) e a Frente Popular (lideranças: Odair Correa e Orlando Pereira). Sugerimos então que organizássemos juridicamente uma única entidade para cuidar dos interesses da emancipação.
Tivemos muito trabalho para reorganizar o que estávamos propondo. O então presidente da Associação Comercial e Empresarial de Santarém, o saudoso Ademilson Pereira, um grande entusiasta pela emancipação, disse-me em particular que era preciso encontrar um novo local para a Frente Popular se reunir.
A Associação Comercial e Empresarial de Santarém, um dos segmentos empresariais que sempre esteve ao lado do Movimento, destacamos aqui a efetiva participação dos os ex-presidentes Ivair Chaves, Hélcio Amaral, Ademilson Pereira, Renato Dantas, Olavo das Neves, o atual presidente Alberto Oliveira e tantos outros que sempre apoiaram o plebiscito do Estado do Tapajós nos últimos vinte anos.
No biênio de 2002/2004, o presidente da Câmara Municipal de Santarém era o vereador Emir Aguiar (PL), meu amigo particular. A alternativa era levar a entidade para a Câmara Municipal e antes de Odair e Orlando falar sobre um espaço na Câmara me antecipei para fazer bom uso da amizade que desfrutava com o presidente e ficou combinado que Frente Popular seria alocada na Sala das Comissões do Poder Legislativo.
Outro passo importante foi a criação de uma nova organização. Surgiu a idéia de criamos um movimento unindo todas as entidades anteriores. Com essas idéias as nossas reuniões foram tomando corpo. Quando a vereadora Beth Lima (PL) assumiu a presidência da Câmara (biênio 2005/2006) continuou dando apoio ao movimento, promoveu a reforma do prédio da Câmara e com ajuda de todos os vereadores designou uma sala para sediar o Movimento, inclusive cedendo parte dos equipamentos que foram completados na presidência do vereador José Maria Tapajós.
Mas estava faltando uma pessoa para liderar o novo Movimento. Uma pessoa que não tivesse perfil político partidário, mas com muito prestígio, que tivesse independência profissional e financeira. Uma pessoa que fosse respeitada e admirada pelas lideranças que já haviam encabeçado a luta pela emancipação.
Na condição de representante da Prefeitura Municipal de Santarém, eu tinha a responsabilidade de apresentar uma pessoa que ainda não tivesse desgastada. Tanto Odair Corrêa quanto Orlando Pereira, que muito já haviam contribuído com a causa, eles mesmos percebiam que estava na hora de apresentar uma nova liderança.
Lembrei-me de vários amigos. Amigos de décadas e cheguei ao professor Edivaldo Bernardo, que era meu grande parceiro na área cultural há mais de duas décadas.
A primeira vez que tentei conversar, ele não deu muita atenção a minha proposta. O mesmo aconteceu da segunda tentativa e me disse que no meio político havia muita picaretagem. Na terceira conversa disse a ele que havia muitas crianças, mulheres e idosos morrendo no Oeste do Pará por falta de remédios básicos, vacinas e outros direitos garantidos na Constituição do Brasil.
Em seguida disse-me que precisa ter alguma garantia de que não haveria traição no grupo ou pessoas usando a causa para se promover politicamente. Garanti a ele que se atendesse o nosso convite seria o coordenador do novo Movimento com a minha ajuda. Ele aceitou e o resultado todos nós já conhecemos. Somos a diretoria do Movimento e a geração que conseguiu aprovar o projeto que autoriza o plebiscito. É claro com a participação e articulação política de todas as nossas lideranças da região.
Fundamos o Movimento pelo Plebiscito do Estado do Tapajós, no dia 25 de maio de 2004, reunindo todas entidades criadas anteriormente para lutar pelo plebiscito, coordenado pelo professor doutor Edivaldo da Silva Bernardo e eu fiquei como Secretário Geral.
A nova entidade ganhou o nosso apoio técnico e a organizamos juridicamente, com Estatuto social, diretoria oficial e outras legalizações necessárias. Esse trabalho foi muito importante para a articulação e reaproximação de Santarém aos municípios do Oeste do Pará que fazem parte do Estado do Tapajós. (Diretoria do Movimento no biênio 2005/2007).
O Movimento contribui de forma decisiva, profissional e organizada com a luta pela criação do Estado do Tapajós: campanha de outdoor para a conscientização do eleitor do Oeste do Pará, no sentido de eleger deputados estaduais e federais da região.
O resultado da campanha culminou com a eleição de dez deputados estaduais e um federal, no ano de 2006. Além disso, realizou ações sociais importantes como atos públicos, reuniões nos municípios do Oeste do Pará e abaixo-assinados. Tanto que no dia 18 de setembro de 2007, às 11h24, foi protocolado com o nº 049630, o ofício nº 059/2007, 500 mil assinaturas solicitando o plebiscito do Estado do Tapajós, na presença de uma das maiores caravanas da região.
No dia 12 de setembro de 2007, a Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES), sob a presidência de Olavo das Neves, liderou um manifesto com assinaturas de todas as associações comerciais do Oeste do Pará, solicitando aos deputados federais a realização do plebiscito.
No dia 05 de setembro de 2007, a Assembléia Legislativa do Estado do Pará aprova com a votação favorável de 36 dos 41 deputados estaduais, o Projeto de Lei, nº 19/2007, de autoria do deputado Alexandre Von (PSDB), que institui a Frente Parlamentar em Defesa do Plebiscito e Criação dos Estados de Tapajós e Carajás. Isso ocorreu após a realização de uma sessão especial na Assembléia Legislativa do Estado do Pará, provocada pela Diretoria do Movimento.
No dia 5 de maior de 2011, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o projeto 0731/2000, que autoriza a realização do plebiscito do Estado do Tapajós. No dia 11, o projeto seguiu ao Senado Federal e no dia 31 de maio de 2011 o projeto 19/1999, de autoria do Senador Mozarildo Cavalcante (PR-RR) foi aprovado por unanimidade.
Considerando a ano de 1823, data em que pela primeira vez o governo imperial sugeriu a criação de uma província na região, a população esperou 188 anos para conquistar o direito de se manifestar através de plebiscito sobre a Criação do Estado do Tapajós.
Essa luta, portanto, é semelhante a uma epopéia. Uma luta heróica e longa. Muito longa, haja vista que estamos falando apenas do plebiscito. Agora a emancipação do Oeste do Pará depende de todos. Cada cidadão pode ajudar com o seu voto favorável. Além disso, deve pedir a amigos e parentes que residem em Belém ou em outro município que votem TAPAJÓS SIM.
O autor é jornalista e professor universitário.
E-mail: ednaldorodrigues@hotmail.com