sexta-feira, 4 de julho de 2008

Cartas aos paraenses – Nº 01

Santarém - Tapajós, 12 de maio de 2008.

Aos grandiosos cidadãos do Pará .
Você precisa saber que entre os milhares de paraenses sou um dos apaixonados por esse Estado. Originário de uma das regiões mais paraenses de todas. Um nativo de Santarém, cidade centenária assim como a maioria dos municípios do Oeste do Pará, mas abandonado historicamente pelo Estado brasileiro. Só sendo realmente um grande paraense para continuar amando tanto um Estado, vivendo nas condições precárias em que vivemos.

Você precisa saber que gostaria de merecer a sua atenção, homens e mulheres honrados, especialmente que moram na capital do Estado do Pará, em melhores condições de acesso a saúde, educação, infra-estrutura, segurança pública e emprego.

Você precisa saber que no interior, em municípios abandonados pelo Estado há muito tempo acontece a amistanásia de pessoas (morte de rato), nossas crianças, jovens e adultos morrem prematuramente, por falta de uma vacina ou de um simples leito nos hospitais.

Você precisa saber que nos resta apenas é o direito de votar e escolher governantes que sempre mudam seus discursos ao acessar o poder.

Você precisa saber que infelizmente o único direito que nos resta está ameaçado, pois há 154 anos estamos solicitando o plebiscito para que todos os paraenses digam sim ou não a criação de um novo Estado no Oeste do Pará, mas esse direito continua sendo negado em nome de uma falsa integração regional.

Você precisa saber da verdade sobre o reordenamento sócio- político do estado do Pará. Que o projeto é bom para todos os paraenses, só não atende os interesses pessoais de uma pequena elite de políticos e empresários da capital, que multiplica riqueza e se perpetua no poder à custa do sofrimento dos bons paraenses do interior e da capital.

Você precisa saber que a maior revolta ocorrida no Pará, em 1835, o Movimento Cabano, foi em decorrência do desprezo da elite da capital, de negar o direito de cidadania aos verdadeiros paraenses. “A nós os palácios. A eles as cabanas”, dizia a elite na época.

Você precisa saber que no dia 14 de agosto de 1881, o líder cabano Eduardo Nogueira Angelim assinala para sempre o seguinte registro: “Os monstro da tirania, cortaram cabeças e alimentaram-se de sangue! Tiveram forças para matar o corpo, mas... com suas baionetas e torturas, não puderam matar a idéia, porque esta é sagrada e tão grande como o mundo!... A idéia não morre”.

Longe de ser um líder cabano, mas você precisa saber que depois 173 anos, data em que iniciou a revolta cabana, uma pequena elite de políticos e empresários da capital do estado do Pará, usando os vossos nomes, continuam corrompendo nossas lideranças do interior, chacinando nossas crianças, prostituindo nossas filhas e marginalizando os nossos filhos.Continuam usando as baionetas do poder que você dá a eles através do seu voto, para aniquilar os nossos sonhos, que este ano completa 154 anos de luta. Mas a exemplo do que ocorreu em 1835, os nossos sonhos jamais morrerão também, por que fazem parte do ideal coletivo de um povo que merece respeito, cidadania e dignidade para viver.

Você precisa saber que hoje a luta pela emancipação do Oeste do Pará completa 154 anos de resistência e que jamais morreu, por que é o sonho de liberdade de um povo e durante existir uma sociedade de verdadeiros paraenses, haverá busca pela dignidade humana e respeito ao próximo.

Você precisa saber muito mais, mas infelizmente o nosso contato é feito por meio eletrônico e por que sempre muito distante uns dos outros, em decorrência da falta de zelo e de respeito à cidadania de homens e mulheres autênticos que amam muito esse grandioso Pará, um estado que será bem maior e mais bonito quando as oligarquias políticas e empresariais da capital permitirem a realização do plebiscito e, a conseqüente criação do Estado do Tapajós, um sonho possível que reduzirá as dimensões continentais e as anacrônicas desigualdades sociais, que aniquilam os sonhos de nossa gente.

EDNALDO RODRIGUES

terça-feira, 1 de julho de 2008

Imprudência e impunidade no trânsito


Por
Ednaldo Rodrigues
Minael Andrade
Ruth Mara
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O Município de Santarém, no Oeste do Estado do Pará, enfrenta um dos maiores índices de acidentes de trânsito de sua história. Entre os fatores causadores dessa fatalidade, destacam-se: o elevado número de motocicletas circulando nas ruas; a oficialização do transporte de Mototaxi, no final de 2004 e a impunidade dos infratores ao Código Nacional de Trânsito, uma vez que não há informações de cumprimento de pena de alguém que tenha praticado crime no trânsito.
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Técnicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) fizeram um levantamento, em Santarém no período de primeiro a seis de junho de 2008, e os estudos apontaram 107 ocorrências de acidentes de trânsito, através do Serviço 192, que também registrou outras ocorrências, de acordo com a tabela abaixo:

Os resultados dos números da tabela acima, mostram uma triste realidade. Isso em apenas uma semana. Os acidentes de trânsito representam 27% do total das ocorrências atendidas pelo SAMU. Os trotes representam 10% das ocorrências.
Dirigir com sono.

Aprenda a reconhecer o perigo. O sono é ruim quanto dirigir bêbado.Os acidentes de trânsito, em grande maioria de acordo com as informações, diariamente, repassadas pela imprensa ocorrem por imprudência, mas existem outras causas, como a que envolveu o Bispo Dom Gilberto Pastana. O religioso pecou por tentar vencer o cansaço e foi traído pelo sono.

No dia 7 de agosto de 2007, Dom Gilberto Pastana, 51 anos, estava em Belém e não conseguiu dormir direito, pois no dia seguinte faria uma viagem à cidade Imperatriz (MA), onde é Bispo Diocesano. Pela manhã, Dom Gilberto partiu dirigindo pela rodovia Belém/Brasília.
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Em entrevista a Rádio Rural, Dom Gilberto disse que estava no quilômetro 90 da rodovia. Depois de dirigir por cinco horas, próximo de Ulianópolis (PA), o sono o surpreendeu e quando despertou a roda dianteira do carro já estava no declive após o acostamento. Segundo ele, foi nessa hora que o carro começou a capotar..Depois de três capotagens, o que restava do automóvel parou com as rodas para o ar. Dom Gilberto recorda que estava tonto, mas inteiro. A mala dele foi arremessada a vinte metros de distância, mas ficou preso ao cinto, de cabeça para baixo.
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No mês passado o Diretor da Rádio Rural de Santarém, em seu habitual editorial, fez uma reflexão contundente, afirmando que morrem mais pessoas no Brasil, vitimas de acidente de trânsito do que registra a história sobra a quantidade de mortos na Guerra do Vietinã, uma das mais sangrentas.Mais detalhes: http://www.blogdojesocarneiro.com.br/
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Em Santarém não é diferente. A estatística do mês passado revelou um dado preocupante, pois a média diária de acidentes de trânsito foi de quatro por dia, com uma vítima fatal e três mutilações. Diante da trágica situação, as instituições que controlam o sistema de trânsito buscam novos equipamentos de resgate, enquanto que o estado precisa investir maciçamente em campanhas educativas para reeducar os condutores de veículos e os pedestres que também não colaboram para evitar os acidentes.
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Os números de janeiro de 2006 apontam, que no Hospital Municipal de Santarém, foram registrados 3.142 acidentes de trânsito.

Como a cidade de Santarém é um município pólo, no Oeste do Pará, 40% do atendimento são os acidentes ocorridos nos municípios vizinhos. Os gestores da saúde em Santarém dizem que a falta de pactuação dos recursos, ou seja, o repasse direto ao município pólo resulta na calamidade do atendimento.

Tristes números

Durante a realização do terceiro Seminário de Transporte e Segurança, Promovido pela Scania, mostrou que o Brasil tem um acidente de caminhão a cada cinco minutos, enquanto isso em Santarém, a cada 36 horas ocorre uma vitima fatal. No Hospital Municipal da cidade é registrada uma cirurgia de amputação de uma perna ou um braço, em decorrência de acidentes provocados pela imprudência dos condutores de veículos e dos motociclistas.

Texto na íntegra:http://www.selecoes.com.br/

Investimento

Um dos grandes vilões dos elevados índices de acidentes de trânsito é a falta de infra-estrutura das ruas. Nos últimos anos muitas obras foram realizadas, mas ainda há um grande déficit por parte do Poder Público. Além disso, a sinalização horizontal e vertical apresenta falhas e isso também contribui com os óbitos, seqüelas e mutilações.

No mês de maio de 2008, o secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, revelou os planos do governo federal para os investimentos na infra-estrutura do transporte em todo o território nacional, com investimentos de R$ 16 bilhões somente em rodovias, até 2015. A previsão é investir R$ 2 bilhões a cada ano.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prevê investimento para a região Norte, nas BR-163/MT/PA; Pavimentação do trecho Guarantã do Norte/MT – Rurópolis - Santarém/PA, incluindo o acesso a Miritituba/PA (BR-230/PA); BR-364/AC: Construção e pavimentação do trecho Sena Madureira – Cruzeiro do Sul; BR-156/AP; Pavimentação do trecho Ferreira Gomes – Oiapoque, incluindo construção da ponte internacional; BR-319/AM: Restauração, melhoramentos e pavimentação do trecho Manaus/AM – Porto Velho/RO; BR-230/PA: Pavimentação do trecho Marabá – Altamira – Medicilânia – Rurópolis;Mais detalhes: http://www.denatran.gov.br/

O investimento em rodovias federais é necessário, mas não vai reduzir os acidentes urbanos, uma vez que um dos grandes problemas dos municípios brasileiros é liberar recursos para pavimentar ruas. Quando muito conseguem é uma obra de urbanização de áreas de risco, como está previsto aos bairros do Mapiri, Uruará e Aeroporto Velho, mas os trabalhos serão realizados a longo prazo, com isso, a redução do número de acidentes também vão demorar.