terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PRIMEIRO MANIFESTO TAPAJÔNICO

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Por Ednaldo Rodrigues

O nosso primeiro manifesto é de agradecimentos a todos que participaram do vitorioso plebiscito para a criação do Estado do Tapajós e do Carajás, no dia 11 de dezembro de 2011, realizado no Pará.

Agradecimentos aos eleitores: um milhão, duzentos e três mil, quinhentos e setenta e quatro (1.203.574) pessoas que votaram SIM para a criação do Estado do Tapajós e um milhão, cento e oitenta e cinco mil, quinhentos e quarenta e seis (1.185.546) que votarem SIM para a criação do Estado do Carajás.

Ao mesmo tempo lamentamos pelos eleitores da capital/Belém por não terem se sensibilizado com o abandono e o sofrimento dos paraenses do interior do Estado. Votando contra o SIM, perderam a única oportunidade de demonstrar o mínimo de solidariedade pelos que vivem isolados e desassistidos pelo Estado do Pará.

Agradecemos aos políticos que se envolveram em nossa campanha: deputados federais, deputados estaduais, as prefeituras através dos prefeitos e dos vice-prefeitos, as Câmaras Municipais através dos vereadores.

Agradecemos a sociedade civil organizada: os empresários, o movimento social, os partidos políticos, os sindicatos, as associações, diretores de escolas, professores, estudantes, desportistas, profissionais liberais, os internautas, os meios de comunicação, os segmentos culturais, a igreja católica, as igrejas evangélicas, a juventude enfim, todas as categorias que se mobilizaram por conta própria para fazer a campanha do SIM.

No final dessa primeira etapa saímos vencedores. Se dependesse dos resultados das urnas, no oeste e no sul do Pará, hoje estaríamos comemorando a criação dos Estados de Tapajós e de Carajás. Somos vencedores porque lutamos contra a força política e econômica do nosso próprio Estado, contra a falta de uma interpretação coerente da Lei que normatizou a territorialidade do plebiscito, contra os interesses de imprensa regional e nacional. Até os símbolos do Pará foram usados contra nós, mesmo assim vencemos.

A votação expressiva e praticamente unânime em Tapajós e Carajás é o resultado dos anseios desse povo, da verdade de nossa gente que através do voto fez a grande revolução cidadã e se realmente houver justiça neste país, o resultado das urnas não serão esquecidos ou ignorados. Serão levados a sério e dentro de pouco tempo vamos comemorar a criação de dois novos estados na Amazônia.

Por outro lado, pedimos aos eleitores do SIM, que não se sintam forasteiros, esquartejadores, ladrões, indecentes, imorais como o grupo do Governador Jatene que representou o NÃO nos chamou durante a campanha do plebiscito.

Somos brasileiros, nativos dessa Amazônia e por isso, somos os mais paraenses de todos. O NÃO adiou os nossos sonhos e criou um fosso social maior do que já havia historicamente. Não fomos nós que criamos o estado de abandono, nem pedimos para vivermos isolados e excluídos das políticas públicas do “Parazinho”.

Com a campanha o Governador Simão Jatene nos distanciou ainda mais, permitindo que os símbolos do Pará fossem usados de forma sórdida e leviana contra nós e com isso, demonstrou a preferência dele pela Capital/Belém em detrimento do interior do Estado. Por isso, a união defendida pelo NÃO se tornou impossível, a não ser que não tenhamos amor próprio por nós mesmos, por nossas famílias, por nossos filhos e pelas futuras gerações.

Finalmente, agradeço a parabenizo a todos que participaram de uma grande causa. Alias, todo homem e toda mulher deveria incluir no currículo de suas vidas a efetiva participação em uma grande causa. Algo capaz de mudar para melhor a vida das pessoas, mesmo que não as conheçamos ou que jamais venhamos ver seus rostos.

Lutar pelos desafortunados, indefesos, abandonados, excluídos e marginalizados e foi isso que fizemos ao lutarmos pelo Estado do Tapajós. Vamos continuar lutando até que um dia sejamos compreendidos. A nossa geração deixa um grande legado: a auto-estima de nosso povo renovada e um capital político que vai fazer com que o Pará e o Brasil reavaliem o modelo de gestão e nos vejam com mais respeito.

Todos que participaram do plebiscito a favor do SIM estejam certos de que os nossos filhos jamais vão se envergonhar de contar a nossa história. Agora somos mais que cidadãos. Somos soldados e como tal vamos fiscalizar o movimento daqueles que impediram a felicidade de nossa gente e a partir de hoje o nosso Estado chama-se: ESTADO DO TAPAJÓS.

O autor é jornalista